terça-feira, 13 de dezembro de 2011

Triste País


                 
                 Triste país, que confunde consumo com cidadania
                 que mata índios queimados, ou afogados em represas
                 que jovens espancam uma mulher, e se 
                 justificam: "pensamos que era uma puta"
                 que tem um assassinato comprovadamente 
                 homofóbico por semana
                 que tem a taxa de assassinatos mais alta do mundo
                 que mata seus jovens no trânsito e nas favelas
                 que a justiça não é cega
                 que pede "direitos humanos para humanos direitos"
                 que sua juventude protesta contra o funk no ônibus
                 que não valoriza os professores
                 que não respeita as mulheres
                 que debates sociais são permeados pelo discurso religioso
                 que é racista
                 que elege Sarney, Collor, Aécio e ACM Neto
                 que não aproveita a oportunidade de sediar copa e olimpíada
                 que é controlado pela trinca Governo + 
                 Mídia + Grandes Empresas
                 que é extremamente desigual
                 que existe DEM e PMDB
                 que ainda existe gente passando fome
                 que não cuida da sua população de rua
                 que não existe tratamento para dependentes de drogas
                 que inventou o termo "orkutizar"
                 que tem se mostrado extremamente conservador
                 que investe em policiamento, como solução para a violência
                 que as pessoas comemoram Carandirú e Candelária
                 que tem quase 500 mil pessoas presas
                 que a maioria dos presos são negros e pobres
                 que sua classe média é MEDÍOCRE  e MAL-EDUCADA
                 e que se acha superior a qualquer um.

segunda-feira, 31 de outubro de 2011

aos 16

Publico, sem autorização, uma carta escrita em 19/3/03:
Olá Juju!
Tô te escrevendo do jeito que eu te prometi. É até melhor porque nem sempre dá tempo de conversar com você. Vou te escrever um texto bem legal (um pouco grandinho) mas você tem paciência pra ler, né? Aí vai:
Ainda pior que a convicção de um "NÃO" e a incerteza de um "TALVEZ" é a desilusão de um "QUASE".
É o quase que mata e me entristece, trazendo tudo o que poderia ter sido e não foi. Quem quase ganhou ainda joga, quem quase passou ainda estuda, quem quase morreu está vivo, quem quase amou não amou...
Basta pensar nas oportunidades que escaparam pelos dedos, nas chances que se perderam por medo, nas idéias que nunca saíram do papel por causa dessa maldita mania de viver no outono.
Pergunto-me, às vezes, o que nos leva a escolher uma vida morna, ou melhor, não pergunto, contesto. A resposta eu sei de cor: está estampada na distância e na frieza dos sorrisos, na frouxidão dos abraços, na indiferença dos "bom dia" quase que sussurrados.
Sobra covardia e falta coragem até pra ser feliz. A paixão queima, o amor elouquece, o desejo trai. Talvez esses fossem bons motivos para decidir entre a alegria e a dor, mas não são.
Se a virtude estivesse mesmo no meio termo, o mar não teria ondas, os dias seriam nublados e o arco íris seria em tons de cinza. O nada não ilumina, não inspira, apenas amplia o vazio que cada um traz dentro de si.
Não é que a fé mova montanhas, nem que todas as estrelas estejam ao alcance, para as coisas que não podem ser mudadas, resta-nos paciência. Porém, preferir a derrota prévia à dúvida da vitória é desperdiçar a oportunidade de merecer.
Pros erros há o perdão, para os fracassos há novas chances, pros amores impossíveis, tempo. De nada adianta cercar um coração vazio ou economizar alma. Um romance cujo fim é instantâneo e indolor não é romance.
Não deixe que a saudade sufoque, que a rotina acomode, que o medo o impeça de tentar. Desconfie do destino e acredite em você. Gaste mais tempo realizando que sonhando, fazendo que planejando, vivendo que esperando, porque embora quem quase morre esteja vivo, quem quase vive já morreu.
Eu só quero que você saiba que eu te entendo e respeito, pois cada um tem seu jeito de agir diante das situações. E não se sinta culpado por nada do que aconteceu ou virá a acontecer entre nós, afinal você nunca me enganou. Peço-lhe apenas para enxergar em mim uma companheira não só pras horas ruins, mas também pras boas.
E não deixe nunca de tentar, afinal nada é conseguido sem esforços.
Ana  Rute, 19/10/2003
Sei que poucos irão ler todo o texto. Reli esta carta outro dia, e me impressionou como aos 16 anos alguém, que não viveu comigo, podia me conhecer tão bem, ou ser tão parecida comigo. Nem namorávamos nesta época. Isso realmente foi muita sorte. Em tempo: detesto que me chamem de "juju", e agora que eu a relembrei disso, já sei que ela usará esta arma.

sexta-feira, 28 de outubro de 2011

Fundamentalismo Ateísta

Há muito queria escrever sobre isso. Confesso que uma das coisas que me impedia era o medo de ser mal interpretado por alguns amigos meus que gostam de falar sobre religião, principalmente no facebook. Não é minha intenção aqui ofender nem criticar ninguém. Apenas falo sobre algo que tem me assustado bastante.
Trata-se da radicalização de um discurso ateísta. Com o pretexto de se defender a liberdade religiosa, ou a liberdade de expressão religiosa, algumas pessoas estão cometendo o mesmo erro que criticam, ou então desfilando uma série de preconceitos ou fáceis generalizações, ou ainda demonstrando uma total soberba ou sentimento de superioridade, como se estivessem acima de todos os mortais que acreditam em algo transcendental.
De fato, alguns tem colocado todos os evangélicos como idiotas que pagam pela salvação, todos os católicos como maníacos sexuais hipócritas ou ainda todos os crentes em qualquer coisa como uma massa acéfala. Não preciso dizer o quanto essa postura é idiota, e o quanto esse fundamentalismo ateísta tem sido prejudicial até mesmo para as causas defendidas pelos ateus.
O que mais me irrita, porém, é quando alguém posta um trecho da bíblia e coloca a sua interpretação sobre o mesmo texto, e diz que a bíblia é um livro que incentiva comportamentos reprováveis, como o sexismo e a guerra, por exemplo. Criticam aqueles que levam os livros sagrados ao pé da letra e, quando convém, tratam os textos de forma fundamental. Isso é bizarro.
Não acredito, também, que os ateus são mais felizes, mais bondosos, fazem mais sexo, entre outras coisas que já vi... de fato, tudo isso é questão pessoal, de caráter, e não de religião. Conheço católicos que assumem sua sexualidade, evangélicos muito inteligentes, padres e pastores brilhantes, assim como amo meus amigos ateus.
Não conheço muito da bíblia, mas o pouco que eu sei das lições de Jesus no novo testamento, me mostram que suas idéias são revolucionárias, e se todos colocassem em prática o amor pelo próximo seríamos realmente felizes. Infelizmente as mesmas palavras de amor e conforto servem para a manipulação de pessoas que, talvez em uma situação de carência total, se agarra ao primeiro discurso que toca-lhes o coração. Isso não acontece apenas na religião, já vimos exemplos na política, com Collor, por exemplo.
Enfim, peço aos meus amigos que procurem refletir sobre estas questões, que leiam a bíblia e tirem coisas boas dessa obra, que é o livro mais importante de todos os tempos. Nem tudo é ruim. Existem igrejas evangélicas que fazem grandes e honestos trabalhos em áreas importantes onde o estado não atua, como a recuperação de dependentes químicos, por exemplo. E, até o padre Marcelo, às vezes fala coisas boas.
Portanto, é necessário que se tire a bitola do ateísmo do rosto, e passe a, pelo menos, conhecer mais as coisas, antes de sair espalhando por aí seus preconceitos.

quinta-feira, 6 de outubro de 2011

O Grito


Edvard Munch pintou minha alma hoje.
Em 1893.
Não posso resolver meus problemas.
Nem pensar nos problemas do mundo.
Por isso o prolongado silêncio do blog.
Quando encontrar a porta, voltarei a escrever.
Por enquanto basta dizer que viver não é preciso.
E meu espírito grita, e nem mesmo eu escuto.
Não sei mais quem eu sou, e o pior:
não sei o que quero ser.
Perdido.

segunda-feira, 4 de julho de 2011

vivere non est necesse


Viver é arriscar-se. 
Nunca se sabe o que vai acontecer. O futuro, assim como o coração dos outros, é terra aonde ninguém vai, que ninguém conhece. 
Planejar ou imaginar o futuro, e trabalhar para que aconteça o que queremos é uma coisa saudável. Anestesiar-se para o mundo, deixar de sentir o que está acontecendo colocando-se esta escolha como racional não. Isso é ter medo de si próprio. 
Negar-se, não se entregar a si mesmo. Isso é o verdadeiro anti-amor.
Não entendo como várias pessoas que eu amo não conseguem viver porque pensam demais. Como diz uma obra de arte do banheiro da FAFICH (na psicologia): "entre você e a cômoda do seu quarto há tanto conceito que você nem a sente".
Ter medo da tristeza, das dificuldades, das frustrações ou das decepções nos fazem perder grandes momentos felizes
Se há pouco tempo atrás eu pudesse colocar toda minha vida em um verso seria ter razão é tão perigoso que algumas pessoas preferem não ter nenhuma (Carlos Drummond de Andrade).
Se fosse uma poesia, seria Fernando Pessoa, em seu genial viver não é preciso.
É isso, amigos. Este faz parte de um raro momento confessional neste blog. 
Para terminá-lo, só mais algumas coisas que gostaria de falar:
Não sentir é estar morto.
Não amar é pecado.
Libertemo-nos de nós mesmos e só assim viveremos de verdade.
Tão livres que conseguiremos estar preso por vontade.
Ter medo de si mesmo é ser um barco no asfalto.
E viver é arriscar-se.

sábado, 18 de junho de 2011

Geração Vovó Mafalda

Vovó Mafalda foi um ícone que animou as manhãs de toda criança nascida na década de 1980. Me lembro muito bem do dia em que eu, com uns três ou quatro anos, assistia a sessão desenho e minha mãe disse a frase que cortaria meu pequeno coração ao meio: "meu filho, a vovó Mafalda é um homem vestido de mulher." Sem dúvidas, esta foi uma das maiores decepções que tive durante a minha infância.
Depois desse dia, nunca mais vi a velha com os mesmos olhos... ela era doce, mas não era mulher, era velha, mas não podia ser avó. Era na verdade um ser híbrido, que saía do meu pequeno sistema de classificação.
Pensando nisso, vejo que esta geração à qual tenho o desprazer de fazer parte, que passou a infância assistindo vovó Mafalda, também tem em si própria algumas características do que a velha se tornou para mim enfant. Somos híbridos, misturamos características que nos fazem os mais perversos seres que já pisaram em solo brasileiro:
Fomos à escola, mas não somos educados.
Temos muita informação, mas não somos bem informados.
Podemos votar, mas não somos democráticos.
Podemos protestar, mas só o fazemos ao contrário. (leia sofativismo ou revolta de papel)
Somos mais esclarecidos, mas vivemos uma atmosfera de intolerância.
Queremos igualdade. Queremos ser iguais os padrões que nos impõe.
Liberdade nada mais é do que poder fazer o que quiser, inconsequentemente.
Tudo que não gostamos é razão para ter ódio.
Tudo em que não acreditamos, chamamos de picaretagem.
Temos consciência, e poluímos como nunca.
Vivemos no século XXI e ainda maltratamos as mulheres.
Negros, velhos, deficientes, pobres ainda são considerados doença.
Consumir é o nosso objetivo de vida.
Criamos, alimentamos, treinamos, testamos e matamos marginais todo o tempo.
Não nos dói mais um corpo no chão...
Choramos com as grandes tragédias, nos esquecendo da grande catástrofe diária brasileira.
Enxergamos tudo perfeitamente, menos aquele menino que passa frio em frente a nossa casa.
Colocamos os caras em Brasília, para depois culpá-los de toda a nossa miséria...
Se pensar mais um pouco, conseguiria escrever muito mais. Mas estou cansado... não falo neste poste de uma "classe média", mas de toda esta minha geração. Tenho a mais profunda vergonha de ter nascido em 11/02/1987.

domingo, 5 de junho de 2011

Sofativismo ou Revolta de Papel

Era um dia de aula normal da FAFICH. Tenho o costume de sempre me deter em frente aos cartazes que ficam nas escadas. Normalmente tem algo interessante, um show, um cartaz de alguém que perdeu alguma coisa, enfim... desta feita, porém, algo me chamou a atenção: um cartaz com os dizeres "todo apoio à guerra popular na Índia, contra o Estado fascista indiano" entre outras coisas. Fico imaginando se uma pessoa, num nível elementar de pensamento crítico, pensa mesmo em apoiar uma guerra popular. Isto porque, inúmeros exemplos na história mostram que milhares de vidas são perdidas em conflitos assim, e que se a parte mais fraca ainda consegue a vitória, seu comandante se mostra, geralmente, ainda mais assassino que seu antecessor. A sede por poder e a sensação de onipotência tomam conta dos ditos revolucionários, que se voltam contra o povo que os apoiaram.
Fico imaginando também se a pessoa que apóia esta guerra popular, ou qualquer outra guerra, seria capaz de sair do conforto da sua caminha na zona sul para ir pegar em armas em qualquer desses lugares. Não, acho que não. Indianos, somalis, pessoas de Uganda. Peguem nas armas para mim. Matem-se. Assistirei todos os dias o Jornal Nacional. E apoiarei vocês em pensamento.
Esta profunda inversão da ordem lógica das coisas atinge boa parte da população jovem do país, e a internet é um dos locais mais privilegiados para a observarmos. Por exemplo: campanhas como "doe um fone de ouvido para um funkeiro" ou "contra o preço da gasolina" fazem muito sucesso na rede. Ninguém vai pra rua protestar contra a precariedade da educação no Brasil, que leva à falta de cidadania, que pode levar ao não respeito aos direitos alheios e aí sim à dita falta de noção dos funkeiros em incomodar a pobre classe média com seu gosto musical duvidoso.
O metrô de Belo Horizonte liga o nada a lugar nenhum sem passar pelo centro. De moto, gasto 20 minutos de casa até à FAFICH. De ônibus, pelo menos 1h40min. A passagem é caríssima, e a qualidade é péssima. Mas, a classe média quer andar sozinha no seu carro. E a gasolina está absurdamente cara. E agora? Não vamos nos manifestar pela melhora do transporte coletivo, até porque ele é coletivo, e assim engrossar o coro da maioria da população. O preço da gasolina é o maior problema. E por isso, faremos uma campanha no facebook.
Uma pessoa com a inteligência menos favorecida que ler este post certamente me chamará de reacionário, ou dizer que eu sou contra as manifestações democraticamente legítimas de uma parcela da população. E que pelo menos campanhas virtuais são algum movimento, enquanto eu, edinho, apenas aceito o que me é imposto sem fazer nada, e ainda criticando aqueles que tentam.
Responderia a esta pessoa que eu, edinho, poderia estar fazendo outras coisas da minha vida, ter escolhido outra profissão. O que me faz continuar sendo professor, e assim estar na linha de frente na verdadeira guerra pela qual o Brasil passa, é a sensação de sair de casa cedo por uma causa. Não estou na frente do meu computador esperando as coisas melhorarem.
Talvez andar sozinho no carro seja mais importante que salvar as próximas gerações brasileiras da mediocridade pela qual a minha geração passa. Mas essa é minha guerra. E a batalha é diária, e começa com cada sinal, às 7:00.

quinta-feira, 26 de maio de 2011

A odiosa propaganda dos chinelos Havaianas

Manolos, voltei.
Odeio a maioria das propagandas que passa na televisão, sobretudo as de cerveja. Porém, esta das havaianas me chamou a atenção por um motivo especial: em menos de um minuto, a francesa (que tem cara de turco) diz um monte de elementos que compõe o mito de nossa brasilidade: belezas naturais, um povo alegre, e talz...
Será que alguém, em sã consciência, ainda acredita que o Brasil é isso tudo assim, sem conflitos raciais, sociais... alguém acredita que somos um povo rico? que o que nos falta é um pouquinho de europeísmo nas atitudes?
Não sei. Mas em uma coisa a  propaganda está certa: o Brasil tem as melhores bundas do mundo, e isso atrai milhares de turistas afim de barbarizar geral abaixo do E-qu-ador. O Brasil é um paraíso para doentes desse tipo, e a francesinha não quis pagar pra ver. eu também preferiria "Vinizzi".
Enfim, acho que a melhor propaganda da situação do Brasil foi feita pelo finado Alborghetti, ícone da extrema direita do Paraná.
"Isso é coisa do Satanás"! Mesmo.

domingo, 17 de abril de 2011

Lições sem Braço




Quatro semanas sem poder usar direito a mão esquerda... apesar de ser a sexta fratura da minha vida, foi a primeira que eu parei para refletir sobre as lições deste período. Algumas delas:
1 - A incrível capacidade de jogar fora o que as pessoas oferecem de melhor:
Sempre é insuficiente ou excessivo o que recebemos ou oferecemos. E não temos paciência ou amor que basta.
2 - Só se conhece a cidade andando de balaio:
Mas não o 5102, zona sul/elite intelectual. Falo de 3850, citrolândia/centro ou do 4195 São Benedito/Cidade Industrial.
3 - Falta de solidariedade geral:
Não estava morrendo, ou com uma perna engessada. Só era mais difícil me equilibrar no vai-e-vem do ônibus, sem poder me segurar com as duas mãos. Vi gente jovem disputando lugar na frente de uma senhora que com certeza deveria ter preferência. Gente com uniforme de escola sentado enquanto pessoas que com certeza já passaram dos 50 em pé... profundamente lamentável.
4 - Ambiente de hospital:
Terrível, pra qualquer um que tenha o mínimo de sensibilidade. Eu tive a sorte de ser atendido num ótimo hospital, mesmo assim vi muita coisa que não gostaria.
5 - Tarefas domésticas:
Lavar a louça, varrer a casa, não é lá muito bom. Mas ter a possibilidade de fazer isso, todos os dias, é uma grande benção.

6 - Dependência:
Já briguei com minha mãe para ela começar a dirigir e deixar de depender de outras pessoas para andar de carro. "A senhora tem carteira e carro", dizia eu. Durante essas semanas eu tinha carteira, carro, moto e andava de ônibus. Se quisesse andar de carro tinha que pedir minha mãe (que passou a dirigir) ou a Ana. Lição.
Aliás, minha mãe e a Ana que me ajudavam a tomar banho, amarrar o calçado, tirar ou vestir camisa, abotoar a calça, entre outras tarefas que de simples não tem nada.
7 - Bola, conforto, sono...
Difícil ficar sem jogar bola. O médico disse que só poderei voltar a jogar depois da fisioterapia e de um retorno em seu consultório. Imagino que será mais três semanas, pelo menos.
Extremamente desconfortável ficar com o gesso, o que afetava meu sono também. Claro, não dormia bem...
Tem outras lições, mas nem lembro agora. Ficar sem escrever aqui também foi ruim. Dificilmente alcançarei a meta de 2011, mas enfim, mesmo sabendo que milhares de leitores (não) mandarão e-mails xingando, esta é a realidade.
Penso que a primeira lição eu aprenderia, com ou sem braço.

quarta-feira, 16 de março de 2011

O Haiti é Aqui II

Não, a imagem não é do Japão depois do tsunami. Nem do Haiti. Nem das avalanches de terra, na região serrana do Rio de Janeiro. A foto é da região do bairro Betânia, em Belo Horizonte, depois de mais uma enchente do Arrudas.
Grandes tragédias, com milhares de mortos, sempre causam sentimentos como a pena, a consternação, a vontade de ajudar... pelo menos é o que eu penso que deve acontecer com pessoas minimamente normais.
Porém, estas grandes tragédias acabam por encobrir o que acontece diariamente, e que insistimos em considerar ser normal: um assassinato, um atropelamento, as enchentes do arrudas, crianças sem educação ou sem comida, os mortos nas portas dos hospitais, entre outros. Estas tragédias deveriam, por serem bem mais frequentes, despertar em nós pelo menos a indignação. Mas, insistimos serem fatos naturais, quase como comer ou dormir.
A reportagem do Jornal Hoje, de hoje, ilustra uma parte do que eu quero dizer. Nela, um repórter brasileiro, há quinze anos no Japão, se espanta ao ver duas meninas revirando os escombros das casas à procura de algo para comer. Depois aparece um outro brasileiro, há 20 anos no Japão, bastante emocionado, dizendo "nunca imaginei que veria crianças japonesas revirando o lixo procurando comida". 
A fome é uma tragédia, no Japão, no Irã, na Somália ou na lua. Respondam a si mesmos: quem nunca viu, no centro de Belo Horizonte, uma criança procurando alguma coisa de comer, ou pedindo alguma esmola dizendo querer se alimentar? Quem de nós chorou por isso?

Milhares de brasileiros morrem de fome por ano. Mereciam um tsunami de lágrimas.


Não sei por quanto tempo a reportagem vai ficar disponível, mas é a primeira do jornal hoje do dia 16/3/11. http://g1.globo.com/jornal-hoje/

quarta-feira, 23 de fevereiro de 2011

Despreparada Infantaria

Não tenho a intenção neste texto de simplesmente criticar a polícia. Na verdade eu odeio quando escuto um playboy fazer generalizações ao falar mal dos policiais sem ao menos conhecer o que eles são obrigados a passar todos os dias. Quem tem coragem de botar a cara na frente de uma arma por menos de R$2000,00 reais por mês? eu não...
Como professor, sinto uma identificação bastante forte com os policiais. Escola e polícia são a única presença do Estado em certos lugares. A violência explode, e um dos lugares privilegiados para isso é a própria escola. Colocamos a  cara onde muita gente não tem coragem. Lidamos com pessoas que não conseguem perceber outras oportunidades a não ser a entrar para o mundo do crime. Somos a infantaria da sociedade.
A violência tem como principal causa a desigualdade social, e a falta de educação geral, tanto de ricos como de pobres. Você é empresário, ganha caminhões de dinheiro e paga um salário de fome aos seus funcionários? Você vota no PSDB? Obrigado, você ajudou a perpetuar as estruturas sociais vigentes. Hoje é a minha, amanhã a sua vida que pode estar por um triz, sob a mira de uma arma.
Somos infantaria, mas não estamos preparados. Nos colocam no fogo cruzado sem nenhuma proteção. A polícia tem ao menos armas (que nem sempre são bem usadas).
Quem não se lembra do caso da favela naval, em Diadema (SP)?  Um dos policiais envolvidos tinha o singelo apelido de Rambo. Em Pernambuco, policiais obrigaram suspeitos a se beijarem, ainda filmaram danda muita risada. Para chegar perto, tem o caso ocorrido essa semana na favela da Serra, onde mora meu chegado Pacote. Mais perto ainda, o caso que aconteceu a duas ruas da minha casa, quando policiais civis e militares se enfrentaram de arma em punho.
São inúmeros os fatos que ilustram o despreparo da polícia, em vários níveis. Claro que não quero justificar condutas criminosas de quem deveria zelar pela ordem burguesa. O Brasil tinha, em 2009, uma população carcerária de 473.626, a maior parte delas presa por crimes contra a propriedade privada, ou tráfico de drogas. Alguma coisa está errada nisso, é muita gente presa. Claro que aquele que rouba está errado, mas quem explora o trabalhador ou contribui para o aumento da desigualdade também não está errado?
A polícia é treinada para fazer a segurança daqueles que tem dinheiro. E mesmo assim não consegue. Ao pobre, restam as balas e a violência desmedida dos homens do Estado. A polícia é despreparada. É culpada, mas também é vítima. Assim como todos nós.
Para terminar, em 1984, no disco Crucificados pelo Sistema, o Ratos de Porão cantava:
Infelizmente algumas músicas continuam atuais.

segunda-feira, 14 de fevereiro de 2011

Fim de jogo




Hoje é um dia triste para quem gosta de futebol. A precoce aposentadoria de Ronaldo põe fim à uma grande história de conquistas e superação.
Não tive a sorte de ver Pelé, Tostão, Dirceu Lopes, Natal, Rivelino, Zico. Os maiores jogadores que vi foram Ronaldo e Zidane. O primeiro parou hoje, o segundo já a algum tempo.
Me sinto órfão. Craques como esses que citei não deveriam se aposentar nunca, é um crime ver a camisa nove do cruzeiro, que já foi de Ronaldo e Tostão sendo vestida por um cara que erra gols dentro da pequena área.
Ronaldo jogou nos quatro maiores clubes do mundo. E jogou no Cruzeiro. É o maior artilheiro da história das copas do mundo. Chegou em três finais de copa seguidas, ganhou duas.
Infelizmente, os animais que povoam os estádios de todo o Brasil, e se acham mais torcedores que os outros, praticamente forçaram a sua aposentadoria. Deveriam ser presos, mas aqui a lei não funciona quando se trata de certos assuntos, e futebol é um deles.
Quem me conhece sabe o quanto eu gosto de futebol. Pode ser a série A3 paulista na rede vida ou a final da Champions League. E Ronaldo é um dos responsáveis por isso.
Meu pai é louco com futebol, mas por vários motivos ele não gosta de nenhum time. Assiste a todos os jogos, mas não torce pra ninguém (eu realmente não consigo entender bem como funciona a cabeça dele). Fato é que, até seis anos de idade eu não tinha time também (mas já gostava de bola).
A maior parte da minha família é atleticana. Tinha tudo para ser mais um, até que, em 1993 meu tio me deu uma camisa do cruzeiro. E não era qualquer camisa, era a nove, na época de Ronaldo. E assim, por causa do Ronaldo, virei torcedor do Cruzeiro.
Mesmo com seu corpo já debilitado para o esporte profissional, Ronaldo tinha lampejos de gênio no Corínthians. Impossível esquecer os seus gols contra o Santos, na final do Paulistão de 2009.
Infelizmente, o jogo acabou, e Ronaldo não conseguiu vencer de novo as suas limitações físicas. Mas deixou as lembranças de suas arrancadas e a lição de sua força de vontade de ressurgir para o esporte outras vezes.

quarta-feira, 9 de fevereiro de 2011

Um tucano entre nós




Tenho um amigo tucano. Ele odeia o Lula. Antes das eleições, ele dizia: "Edson, ela era guerrilheira, terrorista".
Apesar disso, ele é um tucano diferente... primeiro porque ele é professor de história. Segundo, e, principalmente, porque é um cara que apesar de tucano e corintiano, ele é inteligente. E é radical em suas idéias, diferente dos outros tucanos.
O que eu mais admiro nele é a coragem de se assumir tucano. Muitos que eu conheço assumem qualquer coisa, menos que tenham idéias neo-liberais.
Ele tem bons argumentos, e faz as mesmas críticas que eu faço ao PT. Participa do sindicato dos professores, e é muito mais radical que os caras do PSTU. Não fica babando ovo do Aécio, ou do Anastasia, e disse para mim que nem votou no Serra. Segundo ele "o problema do PSDB, Edson, é que para a educação eles são uma bosta".
Tem a sinceridade suficiente para assumir posições politicamente incorretas, contra principalmente o que disse no último post, sobre educação redentora. Para ele "a gente, dentro de sala, não é obrigado a conviver com esses marginais, que metem medo em qualquer um." A útima vez que nos encontramos, ele saiu com esta pérola: "Edson, eu juro procê, que se eu passar nesse concurso da PBH eu vou trabalhar com educação de deficientes, porque é muito melhor trabalhar com um menino que tem um problema do que com esses bandidos dentro de sala".
Claro que, pessoalmente, não concordo com ele. Mas não posso negar que este é um sentimento comum na classe dos professores, apesar de nem todos serem tão corajosos para assumí-los.

domingo, 30 de janeiro de 2011

Educação redentora, professor Cristo




Durante muitos anos no Brasil, o acesso à escola estava restrito a uma pequena parcela da população, que não precisava trabalhar desde pequenos para ajudar no sustento da família. De fato, a educação escolar não era tão importante (para o pobre), o que se valorizava mais era que a pessoa aprendesse um ofício desde cedo e entrasse logo para o mercado de trabalho.
Com a redemocratização do país, em meados da década de 1980, começou-se a discutir maneiras de se universalizar o direito à educação no Brasil. Teoricamente, ricos e pobres deveriam ter o direito de frequentar as escolas e receber uma educação de qualidade.
O discurso político da época era que se o país conseguisse acabar com o analfabetismo e colocar todas as crianças na escola, todos os outros aspectos da vida da população melhoraria. Com educação, a saúde, a renda, o emprego, estariam garantidos para as próximas gerações. A educação seria a redentora de todos os erros antidemocráticos ocorridos durante séculos de exclusão dos pobres no Brasil. Estas falas continuam presentes. Um dos maiores expoentes da fase atual destes discursos é o senador Cristóvão Buarque, que será sempre dono do meu voto quando se candidatar a presidência.
Não discuto que a educação é o melhor, e mais difícil caminho para melhorar a vida da população pobre. E que, todos os outros fatores da vida destas pessoas realmente melhorariam, se elas recebessem uma educação de qualidade. Porém, a efetivação da política de acesso à educação se deu de maneira parcial. Colocaram as crianças na escola, um passo extremamente importante. Acreditou-se então que os problemas do país estivessem resolvidos dentro de pouco tempo, quando a geração totalmente alfabetizada chegasse à vida adulta. Não foi o que aconteceu.
Um exemplo claro do fracasso do atual sistema é que nos grandes centros urbanos, onde corre a maior parte do dinheiro e onde se tem mais acesso à escola, temos os maiores índices de violência. Ficou provado que, apenas abrir os portões das escolas para os pobres não resolveria os problemas. Escola e educação não são a mesma coisa.
Como exigir que um aluno vá bem na escola se ele não tem o que comer em casa? Se ele está preocupado com a chuva, porque a casa dele pode ser alagada ou perder os telhados? Se ele não sabe o que vai ser do seu próprio futuro, nem o que ele está fazendo ali sentado, vendo um blá blá blá que nada tem a ver com a sua vida prática?
Como exigir de um aluno educação e bom comportamento, se ele foi abandonado pelos pais e é criado por uma avó ou tia, ou se ele vê a mãe ser espancada pelo pai alcoólatra todos os dias ou se assiste os pais viciados em crack fumando pedra o dia inteiro dentro de casa?
No Estatudo da Criança e do Adolescente: "Art. 3º - A criança e o adolescente gozam de todos os direitos fundamentais inerentes à pessoa humana, sem prejuízo da proteção integral de que trata esta Lei, assegurando-selhes, por lei ou por outros meios, todas as oportunidades e facilidades, a fim de lhes facultar o desenvolvimento físico, mental, moral, espiritual e social, em condições de liberdade e de dignidade."
Na LDB: "Art. 2º A educação, dever da família e do Estado, inspirada nos princípios de liberdade e nosideais de solidariedade humana, tem por finalidade o pleno desenvolvimento do educando, seu preparo para o exercício da cidadania e sua qualificação para o trabalho."
Fica claro que se pensou uma educação global, que não fosse apenas responsabilidade da escola, mas sim de toda a sociedade.
A prática, porém foi bem diferente. Colocaram as crianças na escola e não as fornece educação, pois não temos condições de ensinar nem o básico para quem está de barriga vazia. Está mais do que provado que as condições psicológicas interferem de maneira brutal sobre o desenvolvimento intelectual das crianças. E esta geração, que foi a maior vítima deste sistema, são crianças, porém não são filhos. Todos nós somos culpados.
Desta maneira, quando se coloca a escola no papel de redentora, coloca-se o professor como o Cristo brasileiro moderno, que deve sofrer todas as mazelas e torturas possíveis, que são consideradas inerentes à natureza do seu trabalho. Todos os dias letivos são a nossa páscoa. E nossa sexta-feira da paixão.

quarta-feira, 19 de janeiro de 2011

O Haiti é aqui



Semana passada, completou-se um ano que ocorreu o terremoto no Haiti. O país, que segundo rankings internacionais era o mais pobre das Américas, e que a maior parte da sua população já vivia em condição de miséria, se viu atingido por uma das maiores tragédias naturais da humanidade. Não se sabe ao certo o número de mortos, mas estimativas contam mais de 300.000 vítimas fatais.
Semana passada, também, aconteceu, na região serrana do estado do Rio de Janeiro, a maior tragédia natural da história do Brasil. Uma chuva muito forte provocou enchentes e avalanches de terra, carregando e soterrando casas, carros e pessoas. Ainda não se sabe ao certo o número de vítimas, que sobe a cada atualização. Juntando os corpos já encontrados com o número de pessoas desaparecidas, somam-se mais de mil vidas perdidas.
Alguns podem argumentar que é um exagero da minha parte querer comparar uma tragédia que já se perdeu a conta do número de mortos há muito tempo, com outra, na qual o número de mortos, oficialmente, não chegou nem a mil. A estas pessoas eu peço calma e atenção para ler a explicação a seguir.
As grandes catástrofes produzem nas pessoas a comoção necessária para que os Estados escondam as tragédias cotidianas vividas pela maioria da população. O Haiti, mesmo antes dos terremotos, já podia ser considerado, por diversos motivos, uma das maiores tragédias da humanidade. Um país sem Estado, sem exército, controlado por milícias fortemente armadas, e com uma população que sofria com a fome e as doenças.
Da mesma forma, a vida da população pobre no Brasil é repleta de privações, de todos os tipos. Somente uma pequena parcela dos brasileiros tem condições de obter durante a vida educação de qualidade, saúde, lazer, enfim, o mínimo para a dignidade humana.
Numa situação de grave crise, como as duas que mencionei, os cidadãos se juntam na dor, compartilham de um sentimento de perda. O Estado, por sua vez, aproveita estes momentos para disfarçar os absurdos que ocorrem a todo momento, no dia-a-dia, e que acabaram se naturalizando no imaginário social. Não tenho as estimativas, mas sugiro que o leitor faça o exercício mental de tentar somar quantos perdem a vida no Brasil de forma violenta, como assassinatos e acidentes de trânsito. Quantos morrem por falta de atendimento médico. Quantos morrem por falta de uma moradia decente, saneamento básico, trabalho digno não degradante. A maior causa de morte de brasileiros, é, sem dúvida, a falta de educação. O Brasil é, ao mesmo tempo, a Bélgica (se você mora dentro da Contorno) e a Somália (se você mora no Citrolândia).
Não é querer minimizar a tragédia das chuvas no Rio, ou em qualquer lugar. A morte de uma pessoa é suficiente para que lamentemos eternamente toda a nossa falta de educação.
O que quero dizer é que a tragédia do dia-a-dia é muito mais grave de complexa resolução do que as grandes catástrofes. E, sugiro a todos que não coloquem a culpa somente no Estado: cada um de nós dá a aquiescência para que ela ocorra. Todos somos responsáveis por cada vida perdida, seja por uma enchente, seja por um tiro, na fila do hospital, ou por acidentes de trânsito.
This is Brazil.

sexta-feira, 7 de janeiro de 2011

As 10 músicas brasileiras mais chatas da década

Chega de mau humor. Dezembro foi cinza e triste. No primeiro post de 2011 quero fazer um ranking das piores músicas brasileiras da década que acabou recentemente. Como diz o Igor V. Nefer, esses rankings só servem para criar polêmica. Os critérios que usei foram o sucesso da música e o número de vezes que fomos obrigados a escutá-la em festas, reuniões, ou em carros passando na rua com seus aparelhos de som altos.
Claro que não vou me lembrar de todas as músicas ruins, porque são muitas. Mas as que eu consigo lembrar são:

10 - Ana Carolina: Eu não sei parar de te olhar
Versão já é uma coisa bizarra. Fazer uma versão em português de uma música consagrada mundialmente, é mais perigoso ainda. Mudar a canção, tirando o que há de mais marcante na original é pecado. Com Ana Carolina cantando e repetindo o refrão 400 vezes é de entrar em pânico.

9 - Latino: Festa no Apê

Novamente uma versão. Desta vez do grupo romeno O-Zone, e o nome original da música é "Dragostea Din Tei". Esse clipezinho ficou até engraçado.

8 - KLB: A dor desse amor
Uma mistura de Bee Gees com boy band tropical. A letra também não faz o menor sentido, principalmente o refrão.

7 -Tchaca Bum: Explosão

Devo confessar que já fui no show do Tchaca Bum. Essa música fez um sucesso terrível, e é até engraçado lembrar. Podia ter acontecido, de verdade, uma explosão quando eles começaram a tocar essa música.

6 - Jota Quest: Só Hoje
Jota Quest por si só é horrível, e essa música de corno jovem é muito pior. O roteiro é aquele mesmo das músicas sertanejas do começo da década de 90. Terrível.


5 - Tânia Mara: Se Quiser

Muito ruim. Fico sem palavras ouvindo essa música.

4 - César Menotti e Fabiano: Lugar Melhor que BH
Esses caras gritando que não há lugar melhor que Belo Horizonte é triste. Tudo é ruim. Qualquer lugar no Brasil pode ser o paraíso, se você tiver grana.

3 - Sandy e Junior: Qualquer uma do disco "as quatro estações"
Tá bom, o disco é de 1999. Imortal foi o primeiro sucesso desse álbum. Todas as músicas foram primeiro lugar na BH FM na época. Depois ainda lançaram a versão ao vivo das músicas, dvd, etc...

2 - João Bosco e Vinícius: Chora, me Liga
Ou qualquer uma dessas do que chamam "sertanejo universitário". Tá certo que de uns tempos pra cá (são Lula) tornou mais acessível o ensino superior, mas ainda não chegou à maioria das pessoas no sertão. Superproduções, hits que não saem das rádios, músicas fáceis de decorar e grudentas. Me faz lembrar as máquinas de fazer música, do livro 1984.

1 - Ivete Sangalo: Sorte Grande

Nem é a pior dessas, mas desde 2002 essa música persegue todo e qualquer tipo de comemoração. Não existe um refrão que grudou tanto na cabeça do povo que esse. Não existe criança que não saiba cantar pelo menos uma parte dessa música. Por isso o primeiro lugar.
Ps:. Infelizmente, por serem apenas dez canções, faltaram clássicos como Baba BabyTô nem aí, ambas do Latino, o que prova que ele é o compositor mais importante da década. Tão ruim quanto o sertanejo universitário é o funk de família do mc Leozinho (se ela dança eu danço). Falando de qualidade musical, pra mim a pior é da Ana Carolina.