terça-feira, 27 de abril de 2010

"Nothing is as big as your first love"


Desde quando vi o filme "Little Manhattan" venho tendo lembranças do meu "primeiro amor". Não da menina em si, mas do sentimento que eu tinha por ela... antes de falar sobre isso, vou descrever brevemente a história do filme, pra quem não tem globo em casa: um menino, por volta dos 11 anos de idade se apaixona por uma colega da aula de karatê. Só que ela vai para um acampamento de férias em poucos dias, e depois se mudará de escola, e então eles nunca mais se verão. Desta forma, ele tem apenas uma semana para tentar evitar esta tragédia.
Voltando ao assunto, venho lembrando daquele sentimento desinteressado, descompromissado e de certa forma ingênuo que tinha. Era bom se sentir assim, amar sem ter que pensar em nada, só em guardar segredo. Sexo era pra adulto, e eu só pensava em ficar com ela o maior tempo possível, queria ter filhos, trabalhar e ficar com ela minha vida toda.Beijei-a apenas uma vez, já com treze anos. Mas gostava dela desde os onze. Não foi lindo, porque 20 minutos antes ela tinha beijado um amigo meu, e eu não sabia.
Sim, eu me tornaria um superorgânico, com uma imensa força plástica, para ficar com ela. Era uma menina linda, um pouco mais velha que eu... era branquinha, tinha os cabelos pretos, levemente cacheados, algumas sardas, magrinha. Acho que ela também gostava de mim, mas nunca acho que sou digno de ser amado por ninguém, e por isso, nunca disse a ela o que eu verdadeiramente sentia.
Aos 14 anos, meus pais se separaram, e eu mudei de casa, de escola, de vida. Já não a amava mais, tive várias(?) experiências com outras meninas.
Hoje, inesperadamente, a encontrei. São quase dez anos sem nos vermos. Elle travaille dans un supermarché, diria eu na aula de fraçais. Ela quase não mudou. Quando me viu, exclamou tão surpresa que me deixou constrangido: "_Nossa, mas você virou um homão"! Meus amigos mais antigos, que me conheceram pequeno, têm dificuldades em perceber que eu já não sou mais aquele menino. Me tratam como um irmão mais novo, até hoje. Os amo muito muito, mas falarei sobre eles em um outro post.
Perguntei sobre sua mãe, sobre o seu irmão, o meu eterno ex-futuro cunhado. Nos abraçamos e me lembrei de repente como sonhava estar entre aqueles braços...
São raros os casos em que as pessoas se casam com seu primeiro amor. Eu conheço apenas um caso, de um cara que fez o jardim comigo, e se casou com a mesma menina que ele namorava aos nove. Muito legal.
Hoje, amo a Ana e tenho tantos sonhos com ela, e vejo esses sonhos se realizarem. E, a cada realização que temos juntos, a cada dia que acordo ao seu lado, a cada vez que escuto baby, I love you, dos Ramones ou a cada vez que tenho que recolher uma tranqueira velha que ela usou e deixou jogada, eu a amo mais e mais.
Esta é a função do primeiro amor: uma época de mudanças e nunca nada será como antes. Sua vida muda, você, irracionalmente, não se cansa de pensar mais em outra pessoa que em si mesmo. Nada é tão grande quanto o seu primeiro amor.

ps:. néfer, não sou gay.
ps again:. Ana, não fique com ciúmes... se quiser pode ficar bravinha. Eu te amo!

sábado, 17 de abril de 2010

A triunfal volta



Depois de deixar este blog mais abandonado que filho de viciado em crack, volto eu a escrever aqui neste espaço. Acho que fiquei esse tempo todo sem escrever porque não estava dando aula, ou então porque trabalhei aqui perto de casa e a periferia que me inspira. Estou agora em Nova Contagem (voìla!), e pensando nos milhares de leitores deste blog achei que devia escrever algo sobre alguma coisa.
Muita coisa aconteceu, que eu até pensei em escrever aqui. O cruzeiro se classificou pra libertadores, conheci o rio, passei o final do ano com meu pai, passei novamente na UFMG, em quarto lugar na antropologia... enfim, a falta de ânimo reinou em meu ser durante este período.
Para premiar os leitores (...?) postarei desta feita um trecho do meu relatório de final de estágio do curso de história. Espero que valorizem, pois este material é inédito, e se um dia eu ficar famoso, vocês poderão dizer que já gostavam de mim antes da fortuna repentina.
Nau dos Desesperados
Os Professores

Os professores são realmente muito mal pagos. E, em grande parte, são também mal preparados ou qualificados. Dessa forma, e diante de tudo o que já foi falado aqui, não é de se surpreender que bons professores tem, como objetivo principal, sair da rede do Estado e ingressar num outro sistema onde ele será melhor valorizado como profissional e como pessoa. É grave a situação, como uma vez me relatou o professor João Paulo:
“O salário base do professor é R$ 730,00. Para se completar o piso de R$ 850,00, o Estado paga uma gratificação de R$ 120,00. Se você faz o mestrado, ganha um acréscimo de R$ 160,00 no salário. Dessa forma, seu salário atingiria R$ 1000,00. Porém, como seu salário, sem a gratificação, ultrapassa o piso estipulado, o Estado retira a bonificação de R$ 120,00. Assim, quem tem mestrado, ganha, na verdade, R$ 890,00, ao invés de R$ 850,00. O mestrado vale R$ 40,00, que demora quase um ano pra ser pago!”
Analisando este relato, não fica difícil saber os motivos que levam os professores mais qualificados a querer sair das escolas do Estado.
Fatos assim, aliados à falta de reconhecimento profissional por parte da comunidade escolar, e do próprio Estado, que é o “patrão” dos professores, acabam por desestimular os docentes, o que leva à uma acomodação dos professores que não enxergam perspectivas melhores exercendo suas profissões."