Preocupações mais sérias que a aula de História

Pra quem ainda não sabe, estou dando aula na Escola Estadual Dr. Orestes Diniz, no Citrolândia, em Betim. É a realização de um sonho, ser professor num tenhamêdo (by alexis) da RMBH, mas sobre isso eu falo depois.

Já aconteceram várias coisas legais durante essa minha nova experiência, mas como eu não publiquei aqui, dificilmente alguém vai ficar sabendo. Mas, ontem durante aquele temporal, vi o quanto as condições sociais influenciam o aprendizado das crianças.

Estava dando aula sobre a República Oligárquica (pôxa vida, tem que saber, heim, importante!) que é uma das paradas mais chatas que pode existir no universo, na sétima série. Claro que poucos estava prestando atenção. Até que começou a cair um toró, uma chuva violenta, que há muito eu não via. E, o que há de interessante nisso?

A reação dos meninos quando viram que a chuva apertou. Um disse: "não pode chover assim, porque eu moro na beira do Rio Paraopeba e não pode ter enchente". Outro: "só não chovendo granizo, minha casa é de telha e fica tudo furado". Ficaram calados, preocupados com suas casas. E, como eu estava no cataclisma do ano passado, tomei tanta lenhada de granizo (cheguei em casa todo cheio de hematomas) e vi tanta gente com a casa destelhada que não pude achar que a preocupação era à toa.

Só pude falar que "a compra de votos que acontecia nessa época, acontece hoje também. E vocês acham que quando eleitos, os políticos vão trabalhar para melhorar as condições de vida de vocês, ou vão privilegiar a parcela mais rica da população?" Escutarama calados essas palavras. Estavam preocupados demais com coisas mais importantes.